O diálogo aconteceu horas depois do desfile militar que marcou o auge das festividades pelos 80 anos do Dia da Vitória, data em que os russos celebram a conquista de Berlim pelo exército soviético, episódio decisivo para sacramentar a derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial – aquela vitória aconteceu justamente em 9 de maio de 1945, razão pela qual o governo local preparou uma comemoração especial pelos 80 anos da façanha.
Segundo o assessor especial do presidente russo, Yuri Ushakov, o reencontro entre os dois mandatários foi marcado por um clima de “cordialidade, entre amigos que não se viam pessoalmente há muitos anos”.
Em entrevista a meios locais, o assessor também disse que Putin enfatizou a Lula o interesse da Rússia em aprofundar suas relações estratégicas com o Brasil, em diversas áreas, incluindo o comércio bilateral e setores como cultura, energia e defesa, além de ciência e tecnologia.
“O presidente Putin manifestou ao presidente Lula que Brasil é o parceiro prioritário da Rússia na América Latina”, destacou Ushakov.
BRICS
A reunião também foi pautada pela agenda em comum dos dois países no âmbito do BRICS, cuja última cúpula, em outubro de 2024, aconteceu na Rússia, e a próxima, em julho deste ano, ocorrerá no Brasil.
“Os brasileiros assumiram a presidência do BRICS este ano e nós estamos trabalhando em estreita colaboração com nossos colegas nessa questão”, observou o assessor russo.
Paz na Ucrânia
Ushakov revelou que Lula agradeceu a “extraordinária acolhida” dada pelos anfitriões russos à sua delegação, e que, além dos temas bilaterais entre Brasil e Rússia, também trouxe à tona a questão da guerra entre russos e ucranianos, vigente desde 2022.
Nesse sentido, segundo o assessor russo, o mandatário brasileiro teria voltado a defender a proposta elaborada pelo Brasil e pela China para se estabelecer um protocolo de paz e colocar fim ao conflito.
A proposta de paz sino-brasileira foi elaborada em conjunto pelo chanceler chinês Wang Yi e pelo diplomata brasileiro Celso Amorim, atual assessor especial de Lula para assuntos internacionais e chanceler durante seus dois primeiros mandatos – entre 2003 e 2011.
Segundo Ushakov, “a Rússia valoriza o esforço do Brasil e da China pela criação do grupo de ‘Amigos da Paz’ sobre o conflito ucraniano, que inclui 17 países defensores da sua proposta”.
A declaração do assessor se refere ao fato de que Brasília e Pequim convidaram 19 países para debater sobre a criação do referido grupo de Amigos da Paz, para que aderissem à proposta de mediação sino-brasileira.
Foram convidados África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Azerbaijão, Bolívia, Cazaquistão, Colômbia, Egito, Etiópia, Emirados Árabes, Indonésia, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Tailândia, Vietnã e Zâmbia. Entretanto, sauditas e tailandeses rechaçaram a oferta e não compareceram ao encontro, realizado em setembro de 2024.
“O presidente Putin conversou com Lula sobre a situação geral na Ucrânia e valoriza o empenho do Brasil, e também da China, em buscar uma solução diplomática para este conflito, e reitera que esse também é o objetivo da Rússia”, completou o assessor presidencial.
Com informações de RT e Agência Brasil.