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COP30 expõe contradições entre discurso do agronegócio e limites da pecuária “sustentável” na Amazônia

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Debates sobre rastreabilidade e restauração ecológica durante o evento climático revelaram que a mudança estrutural exige não apenas aperfeiçoar a indústria, mas enfrentar a estrutura econômica e cultural do consumo de carne e a concentração fundiária.


A COP30 em Belém reuniu o agronegócio brasileiro, setor historicamente ligado à devastação, que buscou redefinir sua imagem e afirmar seu espaço, como evidenciado pela AgriZone da Embrapa. Contudo, o debate promovido por movimentos socioambientais e pesquisadores apontou que qualquer transição para a sustentabilidade deve enfrentar os limites estruturais da pecuária, indo além de simples aperfeiçoamentos.

O Mito da Preocupação do Consumidor 🛒

A discussão sobre rastreabilidade do gado na Amazônia frequentemente se baseia na premissa de que os consumidores se importam com a origem ética da carne. No entanto, a realidade observada é que o consumo de carne no Brasil e no mundo é determinado principalmente pelo preço e pela percepção de segurança sanitária.

  • Prioridade de Compra: O consumidor brasileiro, sob pressão orçamentária, prioriza o menor preço. A origem da carne (se é da Amazônia ou de áreas de conflito) geralmente permanece invisível no momento da compra.

  • Efeito Estrutural: Enquanto a estrutura econômica continuar ligada à oferta abundante de carne barata, a demanda permanecerá firme, e o engajamento do consumidor não será suficiente para levar a uma indústria mais sustentável.

Rastreabilidade: Ferramenta de Transformação ou Legitimação?

A rastreabilidade individual do gado foi apresentada na COP30 como uma ferramenta-chave para excluir do sistema produtores ilegais e grileiros. No entanto, especialistas alertaram que, por si só, a rastreabilidade não ameaça a pecuária; na verdade, tende a fortalecê-la.

  • Legitimação do Setor: A rastreabilidade aumenta a confiança de compradores internacionais e abre novos mercados, beneficiando produtores que já operam dentro da legalidade. O risco é que ela sirva para racionalizar e expandir uma pecuária modernizada, sem alterar seus fundamentos insustentáveis.

  • Resistência Ilegal: A resistência à rastreabilidade vem, em grande parte, dos atores que dependem da arquitetura de ilegalidades e do grilagem de terras públicas para lucrar, e que seriam expulsos do mercado formal.

O Limite Estrutural da ‘Pecuária Sustentável’

O agronegócio adota discursos como ‘pecuária regenerativa’ e ‘carbono neutro’, mas a sustentabilidade estrutural exige limitar a pecuária, e não apenas qualificá-la.

  • Efeito Rebote: O modelo de pecuária sustentável, baseado na intensificação para produzir mais carne em menos área, gera o efeito rebote: o aumento da produtividade e do lucro por hectare frequentemente leva o produtor a expandir a área total, em vez de reduzi-la.

  • Custos Ocultos: A pecuária extensiva se mantém barata porque seus custos ambientais (erosão, perda de biodiversidade, emissão de metano) não são pagos por quem causa o dano.

A restauração ecológica, por sua vez, só será efetiva se for um processo de reparação territorial e social, que confronte a concentração de terras e garanta que os benefícios cheguem às comunidades que historicamente protegeram a floresta. A COP30 reforçou que a Amazônia pode ser restaurada, mas não pela mesma lógica econômica que a devastou.


Com informações: Diplomatique

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Policial militar acusado de matar adolescente em Peruíbe é absolvido pelo Tribunal do Júri

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Flavio Sabino era acusado de efetuar o disparo que matou Rodrigues Marques, de 15 anos, durante uma ocorrência em 2018. A defesa sustentou a negativa de autoria; o Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão.


O policial militar Flavio Sabino, acusado de ser o autor do disparo que matou o adolescente Rodrigues Marques, de 15 anos, foi absolvido pelo Tribunal do Júri de Peruíbe (SP). O caso ocorreu na madrugada de 23 de dezembro de 2018, quando o PM foi acionado para atender uma ocorrência de roubo nas proximidades de um baile funk.

O Julgamento

O Ministério Público (MP) acusava o policial de ter agido com dolo eventual (assumindo o risco de matar) ao efetuar ao menos dois disparos em direção à multidão que estava na via pública. Um dos disparos atingiu a cabeça do adolescente. O MP sustentava que a ação gerou perigo comum e dificultou a defesa da vítima.

Em seu depoimento à Polícia Civil, o policial Sabino alegou ter feito apenas um disparo para o alto com o objetivo de dispersar a aglomeração.

A defesa do policial negou a intenção de atirar contra o adolescente e buscou a desclassificação do caso para homicídio culposo (sem intenção de matar).

Ao final do julgamento, o conselho de Sentença rejeitou a tese de autoria apresentada pela acusação. O juiz responsável pelo caso, então, declarou a absolvição do réu com base na negativa de autoria.

O Ministério Público de São Paulo informou ao UOL que recorreu da decisão, por considerá-la “manifestamente contrária às provas apresentadas no processo.”

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O advogado de defesa, Alexandre Taveira, classificou o caso como uma “tragédia”, mas defendeu a absolvição: “Sargento teve a necessidade de fazer um disparo de arma de fogo e coincidentemente o disparo atingiu um jovem de 15 anos. Derrubamos toda a tese acusatória.”


Com informações:  Direito News

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 “Papagaio cientista”: monitoramento da ave revela nova população de ipês raros

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Pesquisadores do INMA descobriram uma população desconhecida de ipês-amarelos (Handroanthus riodocensis), criticamente ameaçada de extinção, no Espírito Santo, após monitorar os hábitos alimentares do papagaio-chauá.


Uma pesquisa de monitoramento do papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) levou à descoberta de uma população até então desconhecida do raro ipê-amarelo (ou pau-d’arco-flor-de-algodão) no município de Linhares, litoral norte do Espírito Santo. A descoberta, publicada na revista Oryx (da universidade de Cambridge), amplia o conhecimento sobre a distribuição da árvore e revela a resiliência dos remanescentes florestais da bacia do Rio Doce, uma região impactada pelo rompimento da barragem de Mariana em 2015.

Hábito Alimentar do Papagaio-Chauá Guia a Descoberta 🦜

A descoberta foi feita por pesquisadores do instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). A chave para a localização dos ipês foi o hábito alimentar do papagaio-chauá. A equipe acompanhava um grupo de 34 indivíduos e observou as aves pousadas e se alimentando nas árvores, que estavam em período de floração.

O biólogo Ricardo Ribeiro, um dos autores do artigo, explicou que as flores amarelas vibrantes do ipê foram cruciais para a descoberta, pois, sem elas, é difícil distinguir a espécie de outros ipês comuns.

  • Ipês Mapeados: A pesquisa mapeou oito indivíduos do ipê-amarelo em floração: cinco em fragmentos de Mata Atlântica e três em áreas de pastagem e plantio de cacau.

A ornitóloga Flávia Chaves destacou que o ipê-amarelo é fundamental para a sobrevivência das aves no início da primavera, período de reprodução, pois o papagaio-chauá utiliza cavidades em árvores de grande porte, como o ipê, para depositar seus ovos, e consome suas pétalas.

Espécies Endêmicas e Ameaçadas 🌳

Tanto o papagaio-chauá quanto o ipê-amarelo são espécies 100% brasileiras e endêmicas da Mata Atlântica. O papagaio-chauá, conhecido por sua plumagem colorida, está classificado como Vulnerável à Extinção (VU) em nível nacional, e Criticamente em Perigo (CR) no Espírito Santo. Já o ipê-amarelo (H. riodocensis) é listado como Em Perigo (EN).

Os pesquisadores reforçam a importância do monitoramento conjunto de espécies (plantas e animais) para compreender suas relações ecológicas e traçar estratégias de conservação mais integradas e eficazes.

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Com informações:  ECO

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JBC revela a capa do volume 1 de Dragon Quest: The Adventure of Dai, conhecido como Fly, o Pequeno Guerreiro

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A versão Perfect Edition do mangá, que terá 25 volumes, deve ser publicada no primeiro trimestre de 2026, após um longo processo de aprovação do projeto gráfico de todas as capas interligadas.


A editora JBC revelou a capa do volume 1 de Dragon Quest: The Adventure of Dai, mangá que deu origem à série de anime conhecida no Brasil como Fly, o Pequeno Guerreiro. A arte é semelhante à versão internacional, mantendo o logo e o subtítulo traduzido como “Os Discípulos de Avan”.

A publicação deste primeiro volume está prevista para o primeiro trimestre de 2026. A série enfrentou um longo entrave de licenciamento, que durou desde seu anúncio em 2021. O principal motivo da demora foi a exigência de aprovação simultânea do projeto gráfico de todas as 25 capas da coleção, uma vez que a arte delas é interligada entre todos os volumes.

A Obra e Suas Adaptações 📺

Dragon Quest: The Adventure of Dai é inspirado na famosa série de RPG da Square Enix. O mangá, roteirizado por Riku Sanjo e ilustrado por Koji Inada, foi seriado na revista Shonen Jump entre 1989 e 1996. A coleção brasileira será baseada na Perfect Edition, que reduz os 37 volumes originais para 25 volumes.

  • Primeira Adaptação (1991): Produzida pela Toei Animation e exibida no SBT a partir de 1996 sob o nome Fly, o Pequeno Guerreiro. Foi finalizada prematuramente com 46 episódios, sem cobrir toda a história do mangá.

  • Remake (2020): Um remake animado, também produzido pela Toei, conseguiu alcançar partes da história que a primeira adaptação não cobriu. O anime completo está disponível legendado na Crunchyroll.

A história narra a jornada de Fly (Dai), um garoto-órfão criado por um monstrinho na ilha Dermlin. Após conhecer a princesa Leona e desenvolver uma misteriosa marca de dragão na testa, ele recebe a visita do lendário guerreiro Avan, que se torna seu mestre. Fly, ao lado de seus companheiros Pop e Maam, embarca em uma jornada para enfrentar os subordinados de Hadler, o demônio que voltou para dominar o mundo.


Com informações: JBOX

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