A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu “desculpa por toda barbaridade” cometida pela ditadura militar e firmou acordo com a família de Vladimir Herzog que prevê o pagamento de indenização de R$ 3 milhões. O documento foi assinado nesta quinta-feira (26/06) em cerimônia que contou com a presença do ministro Jorge Messias e de Ivo Herzog, filho do jornalista morto em 1975 durante o período de repressão.
O acordo estabelece também o pagamento de pensão mensal de R$ 34,5 mil para Clarice Herzog, viúva do jornalista. A indenização é resultado de ação judicial proposta por ela, que contestou a versão oficial sobre a morte do marido.
O ministro Jorge Messias destacou que a reparação representa todas as vítimas do período ditatorial.
“Eu assino hoje o entendimento e o reconhecimento de direitos com a família do Vladimir Herzog, mas nós sabemos quantas outras famílias não tiveram essa oportunidade. Foram muitas. Portanto, aqui também estamos simbolizando a luta da advocacia pelo resgate da dignidade à família”, declarou, ressaltando o significado do acordo para as vítimas da repressão.
“É um processo de reumanização, porque a ditadura nos deixou muitas marcas, e uma das marcas mais odiosas é a construção de um processo de luto eterno pelos mortos e desaparecidos”, afirmou.
Durante a cerimônia, Ivo enfatizou que a busca por justiça começou com sua mãe, há 50 anos. Para ele, o pedido formal de desculpas representa uma mudança institucional.
“”Esse pedido de desculpas não é apenas simbólico. É um ato que nos faz acreditar que o atual Estado brasileiro não pensa como naquela época”, afirmou.
Por sua vez, o ministro da AGU pediu “desculpa” pelas atrocidades ocorridas no período ditatorial e reconheceu a violência perpetuada pelo Estado brasileiro..
“Nós estamos falando de uma mudança muito profunda, de um Estado algoz, que perpetuou violência de Estado, reconhecida pelo Poder Judiciário, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. Estamos mais uma vez pedindo desculpa por toda a barbaridade. Há também uma renovação de um compromisso ético-político de todos nós, de manter acesa a luta permanente pela democracia”, disse Messias.
Vladimir Herzog morreu em 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. O regime militar divulgou que o jornalista havia cometido suicídio na prisão, versão que foi contestada pelos familiares. Herzog completaria 88 anos nesta sexta-feira (27/06).
Em nota, o Instituto Vladimir Herzog afirmou que o ato desta quinta-feira representa “mais um passo rumo à reparação histórica” que o país deve aos defensores da democracia, da liberdade e dos direitos humanos.
“Hoje é um dia muito especial porque dialoga com um momento muito sensível da nossa democracia brasileira. Essa é uma resposta às ofensas e ameaças à nossa democracia”, pontuou Rogério Sotilli, diretor executivo do instituto.
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07/07/2025 at 10:43
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