O Observatório Gemini libera uma foto espetacular da Nebulosa NGC 6820 e seu aglomerado estelar, a 6 mil anos-luz. A imagem, que lembra os Pilares da Criação, marca os 25 anos de operação, explorando o ciclo de vida e morte estelar.
Observatório Gemini celebra 25 anos com registro de formação estelar
O Observatório Gemini divulgou uma imagem de alta resolução da nebulosa de emissão NGC 6820 e do aglomerado estelar aberto NGC 6823, em comemoração ao seu 25º aniversário. A nebulosa, caracterizada por ser uma nuvem de gás e poeira que é iluminada pela radiação intensa de estrelas massivas próximas, está localizada a aproximadamente 6.000 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Vulpecula (a Raposa).
A fotografia foi capturada utilizando o telescópio Gemini North, localizado no cume do Maunakea, um vulcão em escudo no Havaí. Este registro espetacular não só destaca a beleza do cosmos, mas também oferece aos astrônomos dados importantes sobre os processos de formação estelar em regiões de gás denso.
O Espetáculo Cósmico: NGC 6820 e NGC 6823
A nova imagem da Nebulosa NGC 6820 apresenta características que remetem à icônica fotografia dos “Pilares da Criação”, na Nebulosa da Águia, famosa por ter sido registrada tanto pelo Telescópio Espacial Hubble (em 1995) quanto, mais recentemente, pelo Telescópio Espacial James Webb.
A coloração dominante na nova imagem é o vermelho-carmesim, resultado da abundância de gás hidrogênio presente na nebulosa, aquecido pela intensa radiação ultravioleta. O aglomerado estelar NGC 6823, que é composto por estrelas massivas e quentes, aparece como pontos de luz branco-azulada na cena.
A ação dessa luz e radiação estelar é o que modela o véu de gás circundante, criando as chamadas “estruturas pilares” vistas na foto:
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As estruturas de pilares: São colunas densas de gás e poeira que resistem à erosão causada pelo vento e pela luz das estrelas recém-nascidas.
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O ciclo de vida estelar: Dentro desses pilares de gás e poeira, novas estrelas continuam a se formar, enquanto a radiação das estrelas mais antigas esculpe e dissipa a nuvem ao seu redor, caracterizando um processo contínuo de criação e destruição cósmica.
Localização Celestial e o Observatório Gemini
O complexo da nebulosa e aglomerado NGC 6820 e NGC 6823 pode ser observado no meio do Triângulo de Verão, um famoso asterismo formado pelas estrelas mais brilhantes Deneb, Vega e Altair. No Hemisfério Norte, eles são visíveis a oeste imediatamente após o anoitecer.
O Observatório Internacional Gemini é composto por dois telescópios gêmeos de 8 metros que, em conjunto, oferecem aos astrônomos acesso a quase todo o céu noturno, possibilitando observações em ambos os hemisférios:
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Gemini North: Localizado no Maunakea, Havaí, iniciou suas operações em junho de 1999.
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Gemini Sul: Localizado em Cerro Pachón, nos Andes chilenos, alcançou sua primeira luz em novembro de 2000.
Ciência, Cultura e a Mensagem de Recomeço
A imagem não se limitou à nomenclatura científica. Quatro estudantes locais do ensino médio, participantes do estágio de verão do Projeto Hōkūlani da Universidade do Havaí, nomearam a imagem como Ua ‘Ōhi’a Lani, que se traduz como Chuvas Celestiais ‘Ōhi’a.
Essa escolha carrega um significado cultural profundo. Para os nativos do Havaí, o Triângulo de Verão é conhecido como Mānaiakalani, o Grande Anzol de Maui. O nome do batismo da nebulosa faz referência a uma das histórias mais conhecidas sobre Pele, a deusa havaiana dos vulcões e do fogo, e sua relação com ‘Ōhi‘a e Lehua.
A estudante Hope Arthur, uma das estagiárias, explicou que a história de ‘Ōhi’a e Lehua é sobre “o crescimento após a tragédia e o ato de novos começos”. Essa narrativa é vista pelos estudantes como evocativa do ciclo de vida estelar, morte e renascimento que a própria nebulosa representa.
Outra estagiária, Iolani Sanches, associou as “estrelas azuis bebê na imagem” à chuva, lembrando que na história havaiana, quando as flores de Lehua são colhidas, chove. Dessa forma, a nova fotografia da Nebulosa NGC 6820 transcende a esfera da astrofísica, unindo a observação científica de fenômenos cósmicos distantes à tradição cultural humana e aos temas universais de renovação e resiliência.
Ficha Técnica Rápida da Imagem
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Objeto Principal: Nebulosa de emissão NGC 6820 e aglomerado estelar aberto NGC 6823.
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Distância: 6.000 anos-luz.
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Localização: Constelação de Vulpecula (a Raposa).
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Telescópio: Gemini North (Maunakea, Havaí).
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Significado Cultural: Ua ‘Ōhi’a Lani (Chuvas Celestiais ‘Ōhi’a), alusão à deusa Pele e ao ciclo de morte e renascimento.
Com informações: Live Science