A mãe de uma adolescente negra de 12 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o Shopping Pátio Higienópolis, na região central de São Paulo, denunciando uma abordagem racista feita por uma segurança do local à filha e a um amigo dela, de 11 anos.
Segundo relatos, na quinta-feira (16), uma jovem branca que acompanhava os dois foi abordada pela funcionária, que perguntou a ela se os garotos estavam pedindo dinheiro ou a incomodando. Os três foram ao shopping para almoçar antes do início das aulas no período da tarde.
Ao portal Uol, a mãe falou sobre o ocorrido. “Ela [a segurança] abordou a menina branca dizendo que a minha filha e o colega dela poderiam ser retirados, porque estariam pedindo dinheiro ali. Mesmo ela dizendo que eram colegas, a segurança insistiu, dando início a uma confusão. Eles [adolescentes negros] choraram muito”, relatou a analista de sistemas Leni Pires das Merces, 49, mãe de uma das adolescentes negras.
“Não é só sobre o racismo que aconteceu com a minha filha e com o colega dela. É o que acontece em toda a sociedade. Precisamos mostrar a nossa indignação”, disse.
Nota do colégio
Os adolescentes são alunos do Colégio Equipe, instituição particular próxima ao shopping, que divulgou nota manifestando “profundo repúdio” ao ocorrido.
A escola afirma que, além da abordagem injustificável, os jovens foram advertidos por funcionários do centro comercial com referências à proibição de “pedir esmolas no recinto”, o que, segundo o colégio, revela preconceito e discriminação racial. Uma manifestação foi convocada para a próxima quarta-feira (23), organizada por membros da comunidade escolar.
“Lamentamos que, em pleno 2025, ainda sejamos obrigados a proteger nossas crianças e adolescentes de violências que decorrem do racismo estrutural”, declarou o Colégio Equipe. O caso está sob investigação do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), responsável por tomar as medidas cabíveis.
Resposta do shopping
Em nota, o shopping Pátio Higienópolis lamentou o episódio e disse manter contato com a família dos adolescentes. A administração também afirmou que mantém uma “frequente grade de treinamentos e letramento” e que irá reforçar essas ações como parte do compromisso em construir “um espaço verdadeiramente seguro e acolhedor para todas as pessoas”.
O texto aponta ainda que o comportamento da segurança “não reflete os valores do shopping”. “O tema está sendo tratado com máxima seriedade”, disse o estabelecimento.